sexta-feira, 28 de dezembro de 2007

No ônibus

O rapaz pega o ônibus, como de costume se senta na janela. Sozinho.
Ele não era feio, mas também não era bonito. Era o mediano.
O ônibus estava vindo lotado agora, não tinha aonde se sentar. Aquele bando de gente séria que não puxavam conversa com ele e só falavam sobre finanças, queda da bolsa, lucros ou então tinha aquela galera do fundão que falava só sobre futebol.
Ele olhava para seu lugar na esperança de encontrá-lo vago ou que ali estivesse alguém com quem pudesse conversar, nem que fosse um “oi, você está sentado onde antes eu sentava”. Em vão. Sempre lotado e sempre as mesmas pessoas, o lugar ocupado sempre por senhores engravatados com cara de poucos amigos.
Eis que um dia ele olha para seu antigo lugar e vê uma moça linda, de longos cabelos loiros, brilhantes, lisos, olhos azuis de um azul tão profundo como o oceano, pela roupa trabalhava em um escritório. O rosto era branco, mas sério. Não sorria, mas sua imponência, sua altivez, isso o atraiu. Ele tinha que sentar ao lado dela, de alguma forma mas tinha que sentar ali. Todo dia o lugar estava ocupado, e ela não esboçava um sorriso,não falava com ninguém. Mas ele não desanimava. Ia sentar ao lado dela. Eis que um dia o destino sorriu para ele: o assento estava vago. Ele poderia sentar ao lado dela. E foi o que ele fez. De perto ela era mais bonita ainda.
Ele olha para ela e começa sorrindo:
_ Oi!
Ela olha e abre um sorriso com todos os dentes tortos e muitos cariados.
_ Oi! – diz ela.
E ele retribui com um sorriso amarelo.

3 comentários:

Ket disse...

hehehehe, ao ler o final, não consegui segurar uma risada.



sabe ali no "era mediano". Acho que nao combinou muito. Já te falo sobre o assunto no msn.

Renato Ziggy disse...

HUAAAAAAAAAuauhuahahuahua! No começo do texto eu pensava que tava parecendo muito com os textos da Guria Doida (Ká), mas o final... não, nada a ver com ela! Adorei o elemtno surpresa no final!

Filipe Garcia disse...

caberia o ditado: quem vê cara não vê coração; ou, mais precisamente: quem vê cara não vê quem precisa de boticão, hehehehe.

Muito bom o texto! O tempo todo a gente se prepara e torce para o cara se dar bem, mas não dá muito certo, talvez ele precise andar com um trevo de quatro folhas no bolso.