quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008

O vento

Ele se acorda e olha para o lado, na esperança de vê-la deitada ao seu lado e poder ouvir sua respiração. Toma banho e suas lágrimas se confundem a água. Escova os dentes e não tem coragem de olhar para o espelho. Ele vai até o mercadinho próximo a sua casa, atravessando aquela rua de chão batido, tão batido quanto seu coração. O céu está nublado, um dia frio com bastante vento. Ele põe algumas coisas no cesto e passa entre aqueles poucos corredores do mercadinho. Aquilo dava a ele uma sensação de segurança, de acolhimento, de calor, pra fugir do frio da rua. Não tinha muitas pessoas no mercadinho, mas eram seus conhecidos. Ele vai até o caixa e ela o cumprienta, diz que está sentida pelo que aconteceu e desvia o assunto para o clima. Ele escuta a triste música que se ouvia no radinho do caixa. Volta trazendo o pão, o queijo e outras coisas em uma sacola e olha para o jardim, não está mais belo como antes, as rosas estão mortas, e ervas crescem por toda parte, junto com o mato. Na mesa, apenas um prato. A sala perdeu aquele perfume que retirava qualquer dor e angustia, parecendo que o perfume era um bálsamo restaurador. Até o cachorro sente falta dela, pobre Bud. Tem espaço no roupeiro e ao olhar as roupas dela, parece que as roupas ainda esperam que ela volte e as vista. A TV está tediosa e aquele barulho incessante do telefone que não toca. O portão bate e ele corre para ver,mas é só o vento. A cama parece tão grande e tão fria. Vai ser dificil sem ela, mas é preciso se acostumar, tudo vai passar, com o tempo passa e a vida volta a sorrir. Lá fora o vento que vinha parecia assustar, mas era só a solidão.

13 comentários:

Unknown disse...

O que é mais assustador que a solidão???
nada...

Gostei disso aqui.

Grande beijo.

Renato Ziggy disse...

Os lugares que nos rodeiam muitas vezes contam muito sobre nós... Isso às vezes não é bom, porque eles poder trazer lembranças tristes e, conseqüentemente, a dor. Abraços!

TIAGO ENES disse...
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Bárbara Matias disse...

"Lá fora o vento que vinha parecia assustar, mas era só a solidão."

Muito bom... gostei demais de sse seu texto!

o fim de algo real.. o fim de algo que realmente foi verdadeiro... mas ainda assim é fim! E o que resta depois disso?
"Vai ser dificil sem ela, mas é preciso se acostumar, tudo vai passar, com o tempo passa e a vida volta a sorrir."

Gostei demais, Fernando... senti muito um tom real, um tom de vida!

Obrigada por esse texto!

bjinhos...

Nando Damázio disse...

A solidão assusta e mata aos poucos, não é bom que o homem fique só !!
Texto brilhante, Fernando, retrata bem a angústia e a tristeza da solidão ..
Voltarei mais vezes aqui para ler seus contos !!

Unknown disse...

Oi, Fernando!
Adorei sua visita lá no meu cais, volte sempre, sempre que quiser.
Gostei muito de seu paraíso, não deixarei de vir aqui, pode ter certeza! Assim não me sentirei abandonada...
Obrigada por me linkar, farei o mesmo!
Beijo,
Ana

Anônimo disse...

O vento tá aqui, me balançando...

Beijinhos.
(tá adicionado também!)

Filipe Garcia disse...

"A sala perdeu aquele perfume que retirava qualquer dor e angustia, parecendo que o perfume era um bálsamo restaurador."

versos bonitos e profundos. É um texto triste, faz a gente pensar nos nossos (des)amores. E depois a alma fica saudosa.

abraço

Proibida disse...

Eu diria a respeito de seu texto que ele tem tudo para ser triste... mas não é! Ao lado de toda essa solidão há uma linda história a ser lembrada e isso inspira felicidade.

Ah, pode linkar sim. Eu já fiz o mesmo com o seu mesmo sem pedir sua permissão, desculpe-me. Eu não me contive. :)

E obrigado também pelo comentário. ^^

Beijo

Clara Mazini disse...

Algumas coisas teimam em não acostumar por completo. O tipo de sentimento que, por mais que se repita ou que simplesmente repitam os dias, sempre traz consigo um susto.

Bárbara Matias disse...

ei Fernando!!!

Tem texto novo e umas surpresinhas pra vc!rsrs...

pega lá...

bjinhos!

Renato Ziggy disse...

Tem selo te aguardando em meu blog. Abraço!

Anônimo disse...

É preciso se adaptar, por mais difícil que seja, como você disse, tudo passa.

Belo texto.
E a solidão é realmente assustadora.

Abraço.